sábado, 2 de maio de 2009

1895/1896 O regresso definitivo a Portugal


Em 30 Abril / 90 anos passaram sobre a morte de Miguel Ventura Terra.
Miguel com os seus colegas de curso.
1895 e 1896 transformaram-se decisivos para Miguel Ventura/Regressa em 1896 definitivamente a Portugal.
Todos os anos e passos que Ventura deu foram essenciais e sem desperdícios para a vida e carreira profissional que construiu .Estes dois últimos anos deram-lhe uma certeza de trabalho qualificado,reconhecido e eficiente .Este jovem de 29/30 anos concorria àquela que seria a mais importante obra portuguesa do século.
Regressava de Paris,onde como aluno de grande mérito se preparou e qualificou durante 9 anos ,obteve diversos prémios,medalhas e estatuto de Arquitecto de 1ªClasse pelo governo Francês.Em 17 Junho 1895 o Palácio das Cortes sofre violento incêndio durante a reparação da cobertura da Câmara dos Deputados destruindo a velha Sala das Sessões tendo o traço de Joaquim Possidónio da Silva em 1834.
Existia já um ambicioso projecto de Jean-François Colson datado 1856,só que com a evolução dos tempos já se encontrava desactualizado.
Surgiram deste modo duas propostas:
1_Domingos Parente da Silva/Arquitecto que dirigia Serviço das Obras Publicas .
2_Miguel Ventura Terra/Jovem Promissor recém-chegado da Escola de Paris e onde havia conquistado por mérito e concurso o Diploma de Arquitecto de 1ªClasse passado pelo Governo Francês.Este seria um ante-projecto pedido a Ventura pelo Governo.

24 Julho 1895(Diário do Governo)/ Direcção do Serviço de Obras Publicas coloca a Concurso Publico e Internacional um programa com uma nova apresentação de projectos para todos os espaços ,Câmara de Deputados,metade da fachada posterior correspondente e das três restantes que estavam em estilo chão monástico.
Houve uma certa contestação na altura pelo facto de o concurso ser internacional e de certa maneira não proteger os nossos artistas.Interessante mencionar que as condições económicas na época eram parcas e que o Projecto teria que conjugar funcionalidade, condições estéticas ,custos reduzidos e pela urgência cento e vinte dias para apresentar o mesmo.
Surgem três candidaturas:
1_José Emílio dos Santos e Silva concorre com a divisa "Agere non loqui".
Foi excluída por não apresentar as provas de desenho suficientes.
2_Luís Caetano Pedro d´Ávila concorre com a divisa "é um carimbo ilustrando uma cabeça alegórica à arquitectura.
Obteve o 2ºlugar.
3_MIGUEL VENTURA TERRA concorre com a divisa "AMEN"
É O PROJECTO VENCEDOR.
Em 1896 o seu regresso a Portugal é definitivo
21 Abril 1896/Por proposta da Academia de Belas Artes do Porto é nomeado "Académico de Mérito Artístico".
28 Setembro/É nomeado por decreto arquitecto de 3ªclasse da Direcção de Edifícios Públicos e Faróis.
É sócio do Grémio Artístico.
Reside na Rua Fernandes Tomás,nº68.
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Projecto 1986/Casa de Manuel Francisco Pereira/Construtor Manuel Francisco Ferreira/Arquitectura civil/Habitação uni familiar/Avenida Montevideu,nº384-Porto(Foz)Antigo Restaurante D.Manuel/Construída
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Correspondência com Teixeira Lopes durante as obras:
"Lisboa 27 de Março de 1896
Meu caro Teixeira
Peço-lhe que de combinação com o Snr. Pereira escolham um local onde possa,durante dias,ser consultado o projecto e as condições do concurso para a empreitada a que já me tenho referido.Seria bom que esse local fosse facultado a todos das 8h da manhã ás 6 da tarde e que fosse no Porto.
Ao mesmo tempo peço-lhe que me mande publicar em dois ou trez jornais dos mais lidos,o seguinte annuncio-
-Concurso-
Esta aberto, para adjudicação por empreitada geral, a construção de uma casa de habitação na Foz do Douro.
As propostas serão apresentadas até á proxima sexta-feira,3 de Abril.
As condições e projecto podem ser examinados todos os dias uteis das...ás...na rua...
Este anuncio deve ser publicado no proximo domingo e segunda feira,que é o primeiro dia util,receberá ahi o que falta para o esclarecimento dos concorrentes.
Ao mesmo tempo seria bom avisar d´isso alguns mestres.
Conto como sabe,consigo,até nova resolução sua ,para fiscalizar essa obra e para tratar d´isto como o amor que estas cousas merecem.
Peço-lhe que me diga o que se tem passado e o mais que lhe occorrer porque ainda recebo a sua carta antes de expedir o caderno de encargos,se me escrever no sabbado.
Por um calculo approximado que fiz,essa casa nem uns 8 contos deve custar.(...)"
"Lisboa 29 de Março de 1896
Meu caro Teixeira
Mando-lhe neste correio os documentos a que já me referi na minha ultima carta e peço-lhe que dê a este negócio máximo de desenvolvimento.Nas condições é indicado o preço fixo maximo de 7300$00 reis para que nos fique approximadamente um conto de reis para o que falta no sentido de completar a casa e fica-nos mais liberdade para estudarmos o detalhe de ferros , azulejos das fachadas,persianas,etc.
Seria bom que antes de serem apresentadas aos empreiteiros,essas condições fossem lidas pelo Snr Manuel Francisco Pereira.Peço que diga a este Snr.Que me desculpe o não ter respondido á sua amavel carta,o que tem sido devido á falta de tempo.Que esteja descansado,que todas as modificações que elle deseja serão feitas sem prejuizo algum.
Este projecto que mando é o que deve ser mostrado aos empreiteiros acompanhado d`esses detalhes.
Este trabalho que mando agora tem-me fatigado bastante e por isso desculpe-me o não lhe ter dado mais explicações nesta carta.
Um abraço do seu mtº dedicado amigo
Ventura Terra"

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